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Indiana Jones e o Livro dos Mortos

Atualizado: 23 de set. de 2018

- Indie, indie.. Você deveria investigar melhor seus aliados antes de entrar numa ratoeira com eles - Se gabou Burns enquanto analisava o vermelho sangue de Jones em sua mão, após acertar o arqueólogo amarrado de joelhos com um cruzado de direita.

Enquanto o traidor seguia rindo, Jones levantou seu rosto para encará-lo, onde antes seu tradicional sorriso sarcástico se fazia presente, agora um grande corte vermelho decorava uma sisuda expressão de desprezo. Não apenas desprezo de Daniel Burns, mas sim de si próprio, por ter acreditado naquele seu teatro e o levado até o altar do faraó negro, onde provavelmente estava escondido o livro.


- E então Indie? Como vai ser.. Vai revelar o maldito truque para eu e meus amigos abrirmos a porta, ou teremos que tirar isso de você também?


Jones ainda lamentava a morte de César, mas sabia que os chucrutes, mesmo com a ajuda de Burns, não saberiam como abrir a porta, então eles fariam o que? O torturariam até falar? - A resposta era sim, mas não aconteceria como ele havia imaginado.


- Certo Indie! É sua última chance! - Disse Burns ao mesmo tempo que vasculhava os bolsos a procura de algo. Um isqueiro.. Um isqueiro? Mas pra que ele iria utilizar aquele maldito isqueiro?


- Me desculpe mesmo por isso Indie, eu sei o quanto ele vale pra você - Cochichou agachado ao lado de Jones, pouco antes de levantar, retirando dele talvez a única coisa que ainda lhe restava naquela escura tumba do Egito.


Jones óbviamente não esperava, já estava a tanto tempo com ele que fazia parte de seu próprio corpo, o chapéu. O velho chapéu, um grande golpe baixo e que apenas alguém próximo saberia o efeito que poderia surtir, tirá-lo foi como receber uma facada no estômago.


- Hierático! - Gritou Jones antes mesmo do isqueiro ser aceso.


- Indie, Indie, este é seu problema.. Você dá valor demais para estas velharias, e agora, vai morrer por elas! - Concluiu Burns indo em direção a porta.


- Was hat er gesagt? - Escarrou o alemão para Burns.


- Ele disse Hierático! - Repetindo as palavras de Jones, Burns foi na direção do nazista, procurando em uma das paredes da porta por algo entre os hieróglifos.


Não demorou muito para a porta enfim começar a se abrir, a areia sob ela escorria, como um aviso de que lá apenas pó sairia. Jones sabia, já tinha visto muito em seus anos de aventuras, para saber que se sua experiência dizia algo, era que as lendas são reais, se aqueles hieróglifos estivessem certos, não demoraria muito para a pirâmide voltar para baixo da superfície, e nunca mais dividir a terra com a brilhante lua que iluminava aquela noite.


Jones observava tudo acontecer junto de um guarda nazista e sua MP40, de pé ao seu lado. Após a porta se abrir, Burns voltou em sua direção, se abaixou em sua frente, observou um pouco o chapéu antes de devolvê-lo ao seu devido lugar e disse:


- Eu sinto muito Indie, de verdade sabe, é triste você não poder ver ele, o famoso livro dos mortos, a menos de 100 metros de você. Mas sabe, acho que deveria ficar feliz, afinal agora você vai ser parte da história, talvez daqui mais dois mil anos, outro arqueólogo de merda como você, encontre seus ossos por aqui.


- Vai pro Inferno Burns! - Jones até queria, queria sorrir e fazer alguma de suas piadinhas, mas não faria antes de dar um jeito de escapar.


- Adeus Indie! - Burns se levantou, deu as costas a Jones e foi em direção a porta, mas não sem antes exclamar para o guarda de pé ao seu lado:


- Schmeiß ihn in die Grube, in der Nähe von den Schlangen! - Como se Jones não falasse Alemão, para entender que Schlangen, significava cobra.


O soldado nazista levantou Jones, e o carregou em direção ao fosso das cobras, na sala anterior a que estavam. Mantendo uma distância de meio metro com a MP40 apontada para as suas costas, Jones sabia que o único jeito de escapar dessa, seria saindo da mira daquela arma, mas como? Ele devia pensar rápido, já que não queria nem chegar perto dos asquerosos répteis que tanto o assustavam.


Não foi preciso porém muito tempo para pensar em algo, apenas alguns passos, foi quando lembrou-se da sala que agora estavam, onde haviam algumas armadilhas espalhadas, que eram ativadas com o pisar em um mecanismo do chão. Não foi difícil encontrar uma delas, sem pensar duas vezes, ele se jogou sob o botão, pressionando-o a armadilha então liberou uma rajada de flechas na direção do soldado, que morreu liberando uma rajada de sua metralhadora .40. Os disparos foram breves, mas será que suficientes para serem ouvidos pelo restante do grupo? Jones não sabia dizer, mas de qualquer forma, preferiu garantir pegando a arma nazista do chão para si, além de seu velho chicote. Pensou também tomar o uniforme para si, mas sabia que não tinha mais tempo, precisava sair dali antes que fosse tarde, mas não podia deixar que Burns entrega-se o livro para os nazistas.


Jones então decidiu avançar na direção onde os chucrutes e seu antigo companheiro estavam, quando chegou na porta ouviu um dos nazistas gritar:


- Wir hätten ihn behalten sollen! - Ficando satisfeito ao entender que Burns ainda não tinha resolvido o mistério final, e o livro ainda não estava em suas mãos.


Infelizmente não durou muito para isso mudar, quando enfim conseguiu avançar sem ser percebido, Jones chegou em um ponto onde podia ver Burns e os outros cinco oficiais nazistas, um lugar apertado, mas que dali não o veriam, uma espécie de mezanino, no último nível da pirâmide. De lá Jones pode enfim ver, Burns havia enfim aberto o sarcófago do faraó negro, e segurava o livro ainda fechado sob um pequeno altar.


Segundo a profecia, exatamente às quatro horas, a Lua de sangue iluminaria a pirâmide que emergiu, e dela desceria até o livro uma brilhante luz de energia, suficiente para o livro que estava trancado a séculos enfim se abrir e revelar seus mistérios, assim como fez para o último faraó negro, que dominou o Egito com seu poder. O problema é que faltava apenas dois minutos para tal horário.


Jones não teve tempo para bolar um plano, já que naquele instante, a pirâmide começou a se abrir em sua ponta, e um pequeno feixe de luz começou a iluminar seu interior. Ele teve de improvisar, e como adorava imprevisibilidades, fez isso com seu velho sorriso novamente no rosto, mas não antes de inflar os pulmões e gritar:


- Ei Dani! Acho que você vai gostar mais desse livro quando for um dos protagonistas! - Então estalando seu chicote, com um movimento perfeito, fez-se uma volta no livro que estava nas mãos de Burns, e como um abraço, puxou-o para seu próprio colo.


- Atirem nele seus imbecis, agora! - Esbravejou Burns na sua língua materna, nesse momento, a pirâmide já se abria suficiente para a lua iluminar todo o altar.


Jones voltou seu corpo para baixo do mezanino, que era alvejado agora pelos nazistas. Ele estava encurralado, não tinha saída alguma, foi então que o chão tremeu, e não parou mais! Lembrando da profecia:


“A pirâmide que emergiu voltará para baixo do solo, onde deve ficar até a próxima lua de sangue brilhar o céu”.


Jones disparou a MP40 na direção da porta, acertando um dos nazistas que chegava ao seu encontro, um disparos então atingiu um vaso a menos de 30 centímetros de seu rosto, foi quando ele ergueu a cabeça, e enfim pode ver..


Outro disparo! Tirou totalmente sua atenção, não pode pensar muito sobre o que viu, será que ele era capaz de passar? Será que a abertura na ponta da pirâmide era suficiente para escapar? Foi quando gritos em alemão, que soavam distantes o fizeram perceber que os disparos haviam parado, olhando para baixo no mezanino, ele pode ver os nazistas apavorados conforme a pirâmide ia afundando nas areias do Egito.


Levantando a cabeça mais uma vez, Jones lançou seu chicote em uma espécie de gancho de pedra, que junto de outros muitos decoravam as paredes. Se impulsionou sob o mezanino, e saltou. Um barulho então chamou sua atenção, foi exatamente quando seu corpo suspenso no ar foi iluminado por completo pela luz da lua de sangue, o livro! Jones o olhou, ele agora estava aberto, seus olhos brilharam ao vislumbrar as páginas daquele que podia ser o livro mais antigo do mundo, e então como um trovão, o som do disparo de um revólver rompeu sua adoração, não apenas pelo som, mas sim por que o tiro atingiu o braço que antes segurava o livro, agora caindo de uma altura de dois metros.


Foi Burns, Jones teve tempo apenas de se segurar ao topo da pirâmide, e observá-lo sendo engolido pela areia, poucos segundos antes do livro também se juntar a ele, que nesse momento já estava totalmente coberto.


Se impulsionando para cima com um dos braços ardendo devido ao ferimento a bala, Jones enfim saiu totalmente da pirâmide, agora já quase coberta por inteira pela areia do deserto, digo quase porque apenas sua ponta ainda estava se fechando a sua frente. O livro esteve em suas mãos, ele pode ver suas páginas, mas jamais poderia tê-lo novamente, nem ele e nem museu algum, não antes de uma nova lua de sangue novamente brilhar no céu, este era o pensamento de Indiana Jones, enquanto voava em seu avião de volta para a universidade.

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